Wednesday, March 30, 2011

Miopia ou má vontade?


A incapacidade do governo israelense em lidar com a crise entre o Estado judeu e os árabes da Palestina não se constitui num fato isolado ou novo e tampouco circunscrito ao Oriente Médio senão num fenômeno mundial que sempre acompanhou o ser humano onde quer que esteja, mas que nos dias atuais tem provocado consequências surpreendentes, inesperadas e devastadoras.

As desigualdades sociais estabelecidas sempre tiveram lugar desde que o mundo é mundo, entretanto o fenômeno do questionamento, do posicionamento e da rebeldia contra a injustiça das desigualdades tem, gradativamente, tomado corpo em toda parte, abrindo e tornando públicas feridas e chagas que grandes parcelas da sociedade sempre insistiram em ignorar. Em todas as sociedades os oprimidos estão tomando voz e buscando ocupar um lugar, uma participação ativa em decisões antes reservadas às chamadas elites.

Em Israel, o fenômeno se repete e não poderia ser diferente. Os palestinos não querem esmolas, não querem pena ou piedade e tampouco um pedaço de terra árida apenas para chamar de sua. Não podem ser humilhados, abandonados, descartados como cães de rua da forma que pretende a política incompetente e míope do atual governo.

Israel é possuidor de um potencial humano e capacidade tecnológica invejável no mundo inteiro e o povo judeu não é pior do que nenhum outro povo no mundo. Então, por que não compartilhar, não repartir com os árabes palestinos a oportunidade do trabalho digno, o conhecimento, os recursos, o progresso, o crescimento em todos os sentidos? Por que não dar às crianças e jovens perspectivas novas e alternativas que não apenas a do desespero e da violência? Por que não compartilhar com esse povo humilhado, marginalizado e ferido as oportunidades a eles próprios, os judeus, negadas em outras terras por séculos e milênios?

Por que não desmantelar os odiosos check-ins e não derrubar os muros de separação? Por que não abandonar de uma vez por todas a perversidade do maniqueísmo e chamar à mesa, como irmão, aquele que hoje lhes parece inimigo? Apesar das vozes contrárias, os judeus podem e sabem fazer isso. Que não tenham morrido em vão todos aqueles milhões de homens, mulheres e crianças da gloriosa nação hebraica, por conta do preconceito, da intolerância e do ódio.

Por: LauLimor

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