Apesar de não ser nova, a idéia de um Estado bi-nacional volta a ser discutida, mas a região avança mesmo é para um novo apartheid entre judeus e palestinos
Há três anos um ex-prefeito de Jerusalém escreveu que o importante não era saber se um dia haveria um Estado binacional Israel-Palestina, mas que tipo de bi-nacionalismo seria colocado em prática. Diversas obras defendem a proposta. Todas elas partem da mesma constatação: os fracassos de acordos como o de Oslo e o fatiamento dos territórios palestinos ocupados. A idéia de um Estado binacional não é nova. Ela nasceu nos anos 1920, entre um grupo de intelectuais sionistas de esquerda. Eles concebiam o sionismo como a busca de uma redenção judaica espiritual e cultural, sob a mão ferrenha da justiça. Apesar de os defensores da opção binacional terem sido minoritários na política sionista durante o mandato britânico, conseguiram fazer-se ouvir no campo internacional, e em 1947 compareceram diante do comitê especial das Nações Unidas sobre a Palestina, que recomendou a divisão das terras.
Pronunciaram-se enfaticamente contra a divisão e defenderam um Estado binacional na região. Defendiam, como fez a Grã-Bretanha em 1922, a criação de um conselho legislativo baseado na representação proporcional. Pleiteavam especificamente direitos políticos iguais, em oposição aos direitos nacionais, que se recusavam em conceituar em termos territoriais. A idéia de um Estado binacional não saiu do papel.
O plano de divisões das Nações Unidas falou mais alto e só foi ressuscitado em nova forma em 1968, com o apelo da Organização pela Libertação da Palestina (OLP) em favor de um Estado secular democrático para os palestinos. Mas a idéia que trazia a noção de um Estado para todos os seus cidadãos (judeus, cristãos e mulçumanos) foi abandonada por falta de vigor político.
O fracasso da opção do Estado Único foi muitas vezes atribuído ao seu idealismo e à sua inabilidade para lidar com a vida real.
A longa marcha dos palestinos para o reconhecimento e estabelecimento de um Estado culminou com o processo de Paz de 1993, conhecido com o Acordo de Oslo. Talvez a maior e única conquista, como expressou o primeiro-ministro Ytzhak Rabin, que israelenses e palestinos “estão predestinados a viver juntos sobre o mesmo solo, na mesma terra”. Mas não deu certo, e o acordo acabou transformando o sonho da solução de dois Estados no pesadelo de um novo Apartheid.
O que torna o Estado bi-nacional atraente e talvez inevitável, ao contrário do que ocorreu em 1920, quando a proposta foi feita pela primeira vez, é a própria idéia de que a divisão não conseguiu oferecer ao sionismo e ao nacionalismo palestino o que procuravam. Apesar do compromisso histórico de 1993, os palestinos não conseguiram obter um Estado independente viável.
Há três anos um ex-prefeito de Jerusalém escreveu que o importante não era saber se um dia haveria um Estado binacional Israel-Palestina, mas que tipo de bi-nacionalismo seria colocado em prática. Diversas obras defendem a proposta. Todas elas partem da mesma constatação: os fracassos de acordos como o de Oslo e o fatiamento dos territórios palestinos ocupados. A idéia de um Estado binacional não é nova. Ela nasceu nos anos 1920, entre um grupo de intelectuais sionistas de esquerda. Eles concebiam o sionismo como a busca de uma redenção judaica espiritual e cultural, sob a mão ferrenha da justiça. Apesar de os defensores da opção binacional terem sido minoritários na política sionista durante o mandato britânico, conseguiram fazer-se ouvir no campo internacional, e em 1947 compareceram diante do comitê especial das Nações Unidas sobre a Palestina, que recomendou a divisão das terras.
Pronunciaram-se enfaticamente contra a divisão e defenderam um Estado binacional na região. Defendiam, como fez a Grã-Bretanha em 1922, a criação de um conselho legislativo baseado na representação proporcional. Pleiteavam especificamente direitos políticos iguais, em oposição aos direitos nacionais, que se recusavam em conceituar em termos territoriais. A idéia de um Estado binacional não saiu do papel.
O plano de divisões das Nações Unidas falou mais alto e só foi ressuscitado em nova forma em 1968, com o apelo da Organização pela Libertação da Palestina (OLP) em favor de um Estado secular democrático para os palestinos. Mas a idéia que trazia a noção de um Estado para todos os seus cidadãos (judeus, cristãos e mulçumanos) foi abandonada por falta de vigor político.
O fracasso da opção do Estado Único foi muitas vezes atribuído ao seu idealismo e à sua inabilidade para lidar com a vida real.
A longa marcha dos palestinos para o reconhecimento e estabelecimento de um Estado culminou com o processo de Paz de 1993, conhecido com o Acordo de Oslo. Talvez a maior e única conquista, como expressou o primeiro-ministro Ytzhak Rabin, que israelenses e palestinos “estão predestinados a viver juntos sobre o mesmo solo, na mesma terra”. Mas não deu certo, e o acordo acabou transformando o sonho da solução de dois Estados no pesadelo de um novo Apartheid.
O que torna o Estado bi-nacional atraente e talvez inevitável, ao contrário do que ocorreu em 1920, quando a proposta foi feita pela primeira vez, é a própria idéia de que a divisão não conseguiu oferecer ao sionismo e ao nacionalismo palestino o que procuravam. Apesar do compromisso histórico de 1993, os palestinos não conseguiram obter um Estado independente viável.
Diferentemente da situação de antes de 1947, quando a divisão ainda não tinha sido tentada, em 2006 a solução dos dois Estados materializou-se na dominação israelense. O nacionalismo palestino também demonstrou a incapacidade de sua liderança — atingida por incompetência e corrupção —, o que fez com que as lutas internas predominassem nos territórios. No que diz respeito ao sionismo, a divisão parece não ter dado aos judeus a segurança que Israel lhes prometeu. Desde o começo da segunda intifada, em 2000, mais de mil civis israelenses e 4 mil palestinos foram mortos em atentados suicidas e ações do exército de Israel. O principal interesse da proposta binacional é a sua capacidade de redefinir o conceito de Estado e priorizar a democracia em relação ao nacionalismo. Mas é esse justamente o problema. Um grande desafio. Uma vez que esse conflito, como tantos outros, continua a ser territorial. O fator étnico, e mais ainda o religioso, se sobrepõe ainda mais.
O problema, entretanto, está em três atores políticos-chaves que estão longe de se converterem à idéia de Estado Único. Os israelenses, que não vão abrir mão do que já foi conquistado, deixam escancarado que querem a separação.
Prova disso é o muro que separa Israel dos territórios palestinos, e que ao final da construção terá mais de 700 quilômetros de extensão. A comunidade internacional reitera seus planos para uma solução de dois Estados justos. Mas não expressa vontade real de implementá-la ou monitorá-la.
Enquanto isso, as lideranças palestinas lutam internamente para se redefinirem, enquanto Hammas e Fatah continuam se engalfinhando.
Nas condições atuais, a região avança mesmo é para o abismo de um novo apartheid. Entretanto, nada melhor que o tempo para mostrar que o Estado bi-nacional é e sempre será, sob todos os aspectos, a solução ideal para os dois povos.
O problema, entretanto, está em três atores políticos-chaves que estão longe de se converterem à idéia de Estado Único. Os israelenses, que não vão abrir mão do que já foi conquistado, deixam escancarado que querem a separação.
Prova disso é o muro que separa Israel dos territórios palestinos, e que ao final da construção terá mais de 700 quilômetros de extensão. A comunidade internacional reitera seus planos para uma solução de dois Estados justos. Mas não expressa vontade real de implementá-la ou monitorá-la.
Enquanto isso, as lideranças palestinas lutam internamente para se redefinirem, enquanto Hammas e Fatah continuam se engalfinhando.
Nas condições atuais, a região avança mesmo é para o abismo de um novo apartheid. Entretanto, nada melhor que o tempo para mostrar que o Estado bi-nacional é e sempre será, sob todos os aspectos, a solução ideal para os dois povos.
Por: Herbert Moraes – Correspondente da TV Record em Israel
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