Wednesday, April 6, 2011

Cisjordânia ocupada

Os bloqueios de estradas e “check-ins” disseminados por toda parte, os muros de separação, também chamados de “segurança”, as ocupações ilegais de propriedades particulares e as humilhações diariamente impostas aos palestinos fazem parte de um projeto. Seu objetivo é tornar-lhes a vida insuportável a fim de que deixem suas terras e partam. Uma situação que o ex-ministro do turismo de Ariel Sharon, Benny Elon, definiu como "transferência voluntária".
"A transferência não está sendo feita com momentos dramáticos, com ônibus e caminhões carregados de pessoas e transportando-as para outras terras", disse a ativista de direitos humanos Gadi Algazi ao diário Ha'aretz, “mas através de um contínuo estrangulamento na vida das pessoas que as impedem de chegar ao trabalho ou à escola, de receber serviços médicos ou de permitir a passagens de caminhões-pipa e ambulâncias, de intimidação permanente contra homens, mulheres e crianças, enfim uma realidade que leva os palestinos ao desespero e à perda de qualquer perspectiva de solução do conflito."
Esse plano caminha aceleradamente. O chamado "muro de segurança" já isolou 242.000 palestinos (dez por cento da população) em uma zona militar fechada entre a fronteira de Israel e o lado ocidental do muro. Outros doze por cento estão separados de suas terras por assentamentos ou estradas exclusivas para os colonos. Quando o muro de mais de 500 kilômetros estiver concluído, os palestinos terão acesso a apenas cerca de cinquenta e quatro por cento da Cisjordânia.
Enquanto o governo israelense alega que o muro é apenas uma medida de segurança, a ex-ministra da Justiça, Tzipi Livni, disse em uma conferência em Cesaréia que "não é preciso ser um gênio para ver que sua existência trará implicações para a futura fronteira que se sonha entre os dois Estados”.
Do lado palestino do muro, a rede de estradas e túneis que dão liberdade à passagem de 400 mil colonos judeus, efetivamente prendem três milhões de palestinos. Nenhum  palestino pode mais viajar da Cisjordânia para a Jordânia, pois as duas estradas que atravessam Jericó no sul, e Nablus e Tubas no norte, foram designadas exclusivamente para colonos. Estradas exclusivas de colonos são absolutamente vedadas aos palestinos.

Por outro lado, com a  aceleração de novas construções residenciais em terra palestina, o governo israelense continua implementando políticas de reassentamento de judeus nas colônias já existentes e em outros locais que pretende anexar futuramente. Um plano para dobrar o número de colonos no Vale do Jordão já foi anunciado, sob a infeliz alegação de que aquela região se trata de uma “zona de segurança e interesse nacional e da qual Israel não poderia abrir mão”. Um ato que levará à anexação de, no mínimo, cinquenta e oito por cento da Cisjordânia e, efetivamente, sua divisão ao meio.

A despeito dos esforços americanos para implementar um novo plano de paz na região, o governo israelense, apoiado na força bruta e sem pretensão a qualquer diálogo sério com os palestinos, vem aplicando, unilateralmente, seus projetos expansionistas com o objetivo de tornar impossível a criação do Estado Palestino na Cisjordânia e, como frisou o chefe negociador palestino, Saeb Erekat, “perpetuar a ocupação do território por tempo indeterminado”.

Essas medidas de punição coletiva à população palestina, de limpeza étnica e descarada usurpação de terras, se não forem revertidas, levarão, inevitavelmente, os palestinos à conclusão de que não há razão para otimismo, para alimentar esperanças ou para acreditar no discurso de ativistas de direitos humanos e de políticos da esquerda israelense, que continuam defendendo o diálogo como meio de solução para o conflito. "Se isso acontecer, ninguém poderá se surpreender com o retorno das intifadas, com fúria sem precedentes”.

Por: LauLimor

1 comment:

  1. Olá, amigo L.S Macedo.
    Venho agradecer por sua visita ao Construindo História Hoje e parabenizá-lo pelo trabalho no Resistir é Preciso! Não podemos nos silenciar diante das atrocidades cometidas pela Nação Israelense com os palestinos. Israel deve respeitar o direito dos Palestinos de habitar nas terras onde seus ancestrais moraram por centenas de anos, mas não é isso que ocorre, vemos Israel oprimir o povo como se não soubesse as consequencias da opressão. Um povo que luta por suas famílias, terras e dignidade.
    As demais nações deveriam ter vergonha de ignorar o que Israel esta fazendo, expulsando pouco a pouco os Palestinos de suas casas.
    Um abraço,
    Leandro CHH

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