Friday, January 27, 2012

Jesus: Judeu ou Gentio?



Incorre em erro quem defende que foi Jesus um gentio e não um judeu. Afirmações dessa natureza cheiram puro anti-semitismo por ter como objetivo afastar do Judaísmo a figura do mestre maior de toda a família cristã, independentemente da denominação ou subgrupo. Jesus, ou Yeshua bar Yosef, descendente direto do Rei David, cujo nascimento fora profetizado séculos antes de sua vinda, nasceu em Belém da Judéia, filho de Miriam e Yosef, judeus crentes em HaShem, e foi Judeu sim e jamais negou sua origem, sua história, suas raízes e sua cultura.

Para desespero da grande maioria dos cristãos, católicos ou protestantes, fundamentalistas ou não, jamais, em tempo algum, afirmou ser Deus, mas tão somente o filho do Homem ou filho do Deus Vivo, como de resto toda a humanidade o é. Tampouco criou uma religião e, menos ainda, uma instituição religiosa. Em momento algum se posicionou contrário às “mitzvot”, os mandamentos de sua religião, ou contra os preceitos judaicos da época. Foi apresentado ao templo no sétimo dia após o nascimento para a realização do “brit-milah” ou cerimônia da circuncisão e fez o “bar-mitzvat” aos 13 anos em Jerusalém.

Sempre teve trânsito livre nas sinagogas e no Grande Templo e sempre deixou claro que não viera para destruir a Lei, mas para dar-lhe cumprimento, sem, entretanto, curvar-se a qualquer natureza de preconceito, comuns naquela época como hoje, assim como à subserviência exigida pelos chamados doutores da Lei. Apesar de ter bom relacionamento com alguns dos anciãos do Grande Sanhedrin, ou Conselho de Sábios do Grande Templo, na condição de rabino posicionou-se sim, e com muita propriedade e firmeza, contra a corrupção alarmante, contra a hipocrisia, a mentira, a mistificação das Leis divinas e, sobretudo, contra a opressão dos poderosos sobre os mais fracos.

Por esse motivo foi odiado e perseguido por toda uma casta de gente que via no inculto Galileu uma real ameaça ao “modus vivendi” e ao “status quo” vigente. Entretanto, por outro lado, foi venerado por multidões de infelizes, de escravos, de doentes e de marginalizados sociais de toda ordem. Andou com os pobres, com os simples e com os perseguidos e comeu ao lado de gente mal vista e discriminada, como o cobrador de impostos e a prostituta. Sua santidade e conhecimento de leis naturais que ainda hoje a Ciência não logrou vislumbrar, curou doentes e trouxe moribundos da ante-câmara da morte, todavia por conta do misticismo e da fé cega de uma maioria sedenta de um messias a qualquer preço, foi galgado ao posto de fazedor de milagres e ressuscitador de mortos.

Pregou o amor puro, a tolerância e o perdão incondicional e viveu uma vida de homem justo como se espera de um Judeu seguidor fiel da Lei Mosaica e da Sagrada Torah. Morreu vítima do ódio dispensado pelos poderosos àqueles que não têm compromisso com a mentira, com o orgulho tolo, com o preconceito e com a impiedade. Sua vida foi o mais belo poema de amor de que jamais se teve notícia e sua mensagem sintetiza-se no “Amai a HaShem sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, Judeu ou Goy”, um mandamento judaico antes de ser cristão, porém esquecido por todas as raças e povos como se fora mero e decadente slogan revolucionário, sem valor real nos dias que correm.

Sua mensagem e chamamento ao amor universal e o mais vigoroso código de moral de que se tem notícia, do que deu testemunho até a última gota de sangue no lenho da cruz, foram seqüestrados por falanges de homens do mundo, vítimas da cobiça, da vaidade, do orgulho e da mais cruel impiedade. Elevaram-no à categoria de Deus e em seu nome toda sorte de males e maldades foram livremente praticados e o sangue inocente, inclusive de milhões de Judeus como ele, jorrou farto pelos campos e praças através dos séculos, como rios que correm para o mar.

Yeshua bar Yosef, filho de Miriam e Yosef, nascido um humilde Judeu em Belém da Judéia, não foi um deus, no entanto não foi um homem comum. De qualquer forma, não desceu dos mais altos páramos celestiais apenas para habitar entre nós e viver uma vida limitada e pequena. Tampouco veio ao mundo para salvar-nos de um suposto e duvidoso fogo do inferno, mas antes para trazer a toda a humanidade, independentemente da denominação religiosa, do credo, da origem e da raça de cada um, subsídios vigorosos e reais ao trabalho duro e incessante que nos cabe no burilamento interior e no engrandecimento de nós mesmos a fim de nos tornarmos dignos de um dia habitar a casa de HaShem, a Nova Jerusalém Celestial.

Por: LauLimor

No comments:

Post a Comment